A fluência com que se interpenetram figura e fundo nessa lâmina de alabastro, a contraposição entre o seu contorno irregular e a precisão do desenho, entre sua presença frontal no plano do mundo e sua aura de sonho, tudo isso concorre para transformar essas peças em modelos de Bustos contemporâneos.
As esculturas de Maria-Carmen Perlingeiro soltam-se agora no espaço. Porque esses Bustos são móveis, coextensivos às coisas do mundo, a irradiar uma beleza singela que redime a rotina sem graça da vida. Sem pressa, aparecem contudo de modo sucinto breves exclamações estéticas, súbitos instantes de graça que dispensam Deus e a política.
Ronaldo Brito
Ora parecemos estar diante de coisas há muito esquecidas, ora parecemos estar diante de uma escultura em gestação, adormecida em seu estado embrionário, pré-escultura, pré-pedra. Algo que ainda não tomou forma, amorfo – águas vivas.
Paulo Venancio Filho